Curiosidade :
Esse conto é de origem
Indígena ,na versão de
Sílvio Romero,levemente
adaptada!
A Onça e o Bode
Uma vez a onça quis fazer uma casa; foi a um lugar, roçou mato para ali fazer a sua casa. O bode,que também andava com vontade de fazer uma casa, foi procurar um lugar e,chegando ao que a onça tinha roçado ,disse:
- Bravo! Que belo lugar para levantar a minha casa!
O bode cortou logo umas forquilhas,fincou-as naquele lugar e foi-se embora.No dia seguinte,a onça foi chegando e,vendo as forquilhas fincadas,disse:
-Oh! quem está me ajudando?! Bravo,é Deus que está me ajudando!
Botou logo nas forquilhas as travessas e o telhado e foi-se.O bode, quando veio de novo,admirou-se e disse:
-Oh! quem está me ajudando?! É Deus que está me protegendo!
Botou logo os caibros na casa e foi-se.E assim foi: cada um construindo uma parte da casa até que ela ficou pronta.Acabada a casa,veio a onça, fez a sua cama e meteu-se dentro.Logo depois chegou o bode e, vendo a outra, disse:
-Não,amiga,esta casa é minha,porque fui eu que finquei as forquilhas e botei os caibros.
-Não,amigo - respondeu a onça - A casa é minha, porque fui eu que rocei o lugar,pus as travessas,o telhado e o enchimento.
Depois de alguma discussão,a onça, que estava com vontade de comer o bode, disse:
-Mas não haja briga,amigo bode; nós dois podemos ficar morando na casa.
O bode aceitou,mas com muito medo.Armou a sua rede bem longe da onça.No outro dia,a onça disse:
- Amigo bode,quando você me vir franzir o couro da testa, eu estou com raiva,tome cuidado!
- Eu ,amiga onça,quando você vir balançar as minhas barbinhas e dar um espirro,você fuja,que eu não estou brincando.
Depois a onça saiu,dizendo que ia buscar de comer.Longe de casa, pegou um grande bode,matou-o e entrou com ele pela casa adentro.Atirou-o ao chão e disse:
- Amigo bode, esfole e prepare para a gente comer.
O bode ,quando viu aquilo,disse lá consigo: ''Você matou este que era grande,quanto mais a mim!'' No outro dia ele disse à onça:
- Agora,amiga onça, quem vai buscar de comer sou eu.
E partiu.Chegando longe,avistou uma onça bem grande e gorda, disfarçou e pôs-se a tirar cipós no mato.A onça veio chegando e, vendo aquilo,disse:
- Amigo bode,para que tanto cipó?
-Fum! Para quê?! O negócio é sério,cuidado com você mesma...O mundo está para se acabar num dilúvio...
- O que está dizendo,amigo bode?
-É verdade; e você,se quiser escapar,venha se amarrar ,que eu já me vou.
A onça foi e escolheu uma árvore bem alta e grossa e pediu ao bode para que a amarrasse nela.O bode prendeu-a perfeitamente e,quando a viu bem segura,espancou-a,chegou a casa e largou-a no chão,dizendo:
- Se quiser esfole e prepare para a gente comer.
A onça ficou espantada e com medo. Ambos temiam um ao outro.
Num certo dia,o bode estava tomando ar fresco; olhou para a onça,e ela estava com o couro da testa franzido.Ele teve receio e mexeu as barbas correndo,o bode fez o mesmo. Ainda hoje corre cada um para o seu lado.
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